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Há duas coisas que você precisa ter em mente antes de baixar o aplicativo do Hello, nova rede social de Orkut Büyükkökten. Em primeiro lugar, ela não permite usuários com menos de 18 anos. Segundo, o site não tem nada a ver com o saudoso Orkut.com, embora tenha sido criado pela mesma pessoa. Aliás, o Hello também não se parece em nada com o Facebook ou o Google+, o que é curioso, porque o serviço é uma grande mistura de conceitos que podem ser encontrados em outros produtos pela internet.
A análise foi feita por Leonardo Pereira do Olhar Digital.
A 1ª PARTE REDE SOCIAL
Quando você se cadastra no Hello, após preencher campos de e-mail, telefone e idade, o aplicativo inicia o processo de construção do seu perfil. Precisa informar nome, gênero e status de relacionamento - informação que ficará visível no seu perfil por meio de bandeirinhas coloridas: verde para solteiro, amarelo para “complicado” e vermelho para comprometido. Seu perfil pode ser incrementado mais tarde com coisas como escolaridade, local de trabalho, idioma, orientação sexual etc.
Chega então o que talvez seja a parte mais bacana do serviço: a escolha de assuntos de interesse. Há uma centena de opções, incluindo as mais tradicionais, como “amante de animais”, “artista” e “amante de café”, até coisas mais específicas, a exemplo de “combatente de crime”, “nudista” e “pirata”. Você pode escolher cinco temas e sua timeline só mostrará posts relacionados a eles - mas é possível mudar isso depois.
A 2ª PARTE REDE SOCIAL
A timeline é organizada de duas formas: com os assuntos misturados ou por tema. Neste último caso, se você estiver afim de ver posts relacionados apenas a um daqueles cinco assuntos, basta pular para a timeline específica - é quase como criar uma lista no Facebook, com a diferença de que a curadoria fica nas mãos do Hello.
O problema da timeline é que todos os posts são iguais, porque eles seguem um formato padrão que parece misturar Tumblr, Instagram e Twitter. Para postar, o usuário precisa obrigatoriamente escolher uma foto do celular ou um plano de fundo pré-estabelecido pelo Hello. Em cima disso é possível adicionar um texto curto, com no máximo cerca de 120 caracteres (ou seja, menos que um tweet).
E é isso: sem vídeos, sem textão, sem links, só cards que a empresa chama de “jots”. O exemplo ao lado eu fiz aplicando filtros que lembram bastante os do Instagram sobre uma foto que tinha no celular.
Você escolhe se quer postar abertamente ou para audiências específicas dentro daquelas cinco categorias. Outras pessoas podem curtir ou comentar, e cada comentário pode ser curtido individualmente.
A rede sugere pessoas para você seguir ou adicionar como amigo depois de analisar seu comportamento, e por enquanto parece haver tão pouca gente por lá que o próprio Orkut está me seguindo - mas não tão pouca a ponto de o Hello estar livre de spoilers de Game of Thrones, porque já tem gente reclamando disso por lá. E a rede também já conta com bastante brasileiros, mesmo que ela ainda não esteja disponível no Brasil.
A PARTE JOGUINHO
As coisas começam a ficar estranhas quando você percebe que há um número de nível aplicado ao seu perfil. Todo usuário tem um para indicar sua experiência na rede, e é necessário efetuar uma série de tarefas para melhorar essa pontuação, que chega até a fase 40. Contam coisas como criar conteúdo, curtir ou comentar posts alheios, curtir pessoas e até se logar diariamente. Sempre que sobe de nível o usuário é presenteado com “gifts”, moedas e expressões - vou explicar isso melhor lá pra frente.
Mas essa não é a única parte joguinho do Hello. Também no perfil, próximo à indicação de nível, fica posicionado um ícone que indica sua personalidade, algo que a empresa chama de “hello class”. São oito possibilidades, e você só descobre a sua classificação depois de encarar um questionário com 60 perguntas. No meu caso deu “Visionário”.
A MISTURA ENTRE REDE SOCIAL E JOGUINHO
Uma vez escolhida sua classe, você ganha uma nova possibilidade de interação com os demais usuários. Por exemplo, acessei o perfil de outra pessoa que também era “Visionária” e o Hello sugeriu que eu puxasse assunto porque supostamente temos muitas coisas em comum.
A rede até mostra uma pontuação indicando o tamanho da compatibilidade entre você e os outros. Em um segundo teste, tive 92 pontos com uma “Mentalista”. O aplicativo, então, me mostrou o que temos em comum, quais são nossos pontos fortes e fracos e até deu sugestões sobre como iniciar e dar continuidade a uma conversa.
Aqueles presentes que eu ganhei por subir de nível podem ser usados aqui, já que eu posso mandar uma daquelas coisas como presente. Ah, e o app sempre avisa quando alguém checou seu perfil.
DINHEIRO
Se você ficou confuso com o que leu acima é porque entendeu tudo o que eu escrevi, pois, como dito lá no começo do texto, é difícil compreender a que veio o Hello. Por outro lado, é fácil sacar como a rede pretende fazer dinheiro.
Algumas partes do serviço demandam o uso de moedas. Por exemplo, na hora de criar um post, você pode pagar 100 moedas para que ele seja visto por mais pessoas, ou gastar 100 para que ninguém saiba que você foi o responsável pelo conteúdo - esse tipo de post fica rodando pelo Hello como "anônimo".
Há duas formas de se conseguir essas moedas: subindo de nível ou pagando. Um pacote com 200 moedas custa o equivalente em euros a R$ 3,51, e os preços vão longe: R$ 17,69 por 1,1 mil moedas, R$ 35,42 por 2,3 mil, R$ 70,87 por 4,8 mil e R$ 177,23 por 13 mil. Para se ter uma ideia da diferença entre pagar e conquistar moedas, ao subir de nível você só recebe 100 unidades.
O VEREDITO
Além da confusão gerada pela mistura de conceitos, o Hello também já nasce com um problema de spam devido a esse esquema de pontuações. Qualquer interação aumenta as chances de subir de nível, então a cada momento que eu abro o app há uma enxurrada de notificações referentes a curtidas, comentários, gente me seguindo e pedindo para ser meu amigo. Essa luta por status faz com que o nível de interação na rede seja feroz; mesmo com menos de dez amigos, eu recebo mais curtidas e comentários no Hello do que no Facebook.
Confesso que esperava um resgate a elementos do finado Orkut quando fiquei sabendo que o próprio Orkut Büyükkökten estava lançando um novo serviço social, mas o Hello propõe algo totalmente diferente, um produto que me parecer ser de difícil adesão. Muitos dos exploradores que fazem uso da rede neste momento parecem não ter muita noção sobre por que estão ali, já que outros serviços proporcionam experiências bem semelhantes.
Entretanto, existe o "fator Brasil" a se considerar. Eu conversei com alguns usuários brasileiros e a maioria deles se mostrou otimista em relação ao Hello - alguns apostam numa versão para desktop, enquanto outros acreditam que haverá ainda mais recursos, como a possibilidade de postar vídeos. Resta esperar pelo lançamento no país, programado para agosto, para saber se o site pega.
Fonte: Olhar Digital
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