A capilaridade da JBS, com negócios em todo o Brasil, como supermercados, atacados e frigoríficos, rendia um fluxo de dinheiro vivo para a empresa e um fornecimento garantido para atender à demanda de políticos que escolhiam essa forma para receber propina. Boa parte dos pagamentos nessa modalidade era resolvida com uma ligação entre os encarregados pelos repasses na JBS. Seja no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, Demilton de Carvalho, o planilheiro da JBS, entrava em contato com o cliente e pedia que separasse um valor. Era comum que empresários e até políticos buscassem valores pessoalmente, tamanha despreocupação com a operação ilegal. Foi assim com o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, do PMDB.
No Nordeste, onde a chaga do voto de cabresto ainda persiste e a facilidade para lavar dinheiro em postos de gasolina ou com a compra de gado é maior, Joesley Batista encarregou o publicitário André Gustavo, uma espécie de Marcos Valério de Pernambuco, para cuidar das entregas de dinheiro. Quando necessário, Joesley autorizava a contratação de um carro-forte e André recolhia o dinheiro nos clientes da JBS e transportava até o político que deveria ser beneficiado. Foi André Gustavo que, segundo a JBS, organizou a entrega de propina em dinheiro vivo para o ministro Helder Barbalho e seu pai, o senador Jader Barbalho, ambos do PMDB. André Gustavo foi preso na 42ª fase da Lava Jato, acusado de ajudar o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine a chantagear a Odebrecht, obter uma propina de R$ 3 milhões e lavar dinheiro.
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Helder Barbalho nega o recebimento de dinheiro de origem ilícita. Em nota, a assessoria do ministério justifica que a JBS doou, legalmente, R$ 2,1 milhões à campanha de Barbalho ao governo do Pará em 2014. “A doação era prevista em legislação vigente à época, feita às claras, foi declarada e aprovada pela Justiça Eleitoral. A campanha não recebeu qualquer recurso fora do previsto em lei.” Questionado sobre as citações a seu nome e sobre as notas fiscais das empresas que receberam da JBS a pedido dele, Jader Barbalho afirmou que nunca ouviu falar em nenhum dos personagens e empresas citados na delação e que nunca recebeu “um centavo”. “Eu desafio que digam quando, onde e como eu tive algum contato com algum bandido desses”, afirmou o parlamentar em relação aos delatores do grupo J&F.
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