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O distritão melhora a política? Não

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A proposta do distritão não é nova. Mas foi resgatada no Congresso há alguns dias e está sendo debatida de novo.  Luiza Erundina (PSOL-SP) diz por que é contra essa ideia.

>> Miro Teixeira defende o distritão

ÉPOCA – Por que votou contra o distritão?
Luiza Erundina –
O distritão é a pior solução política. É uma proposta atrasada, que existe apenas em quatro pequenos países no mundo. O Brasil, com seu nível de complexidade, com sua diversidade, com os graves conflitos que tem, não pode ter uma solução tão simplista. O distritão é um sistema muito excludente. Vai excluir a juventude, não vai renovar a política. Com ele, vão se reeleger os de sempre.

ÉPOCA – Como parlamentares acusados de corrupção seriam favorecidos pelo distritão?
Erundina –
Se o distritão for aprovado, vão se eleger os mais famosos, os que têm mais poder político ou poder econômico. Grandes figuras da política, do esporte, apresentadores... Um corrupto conhecido terá mais chances do que um novato honesto, com novas ideias. Esse sistema não oferece a possibilidade de renovação dos partidos. Até porque não restaria nenhuma referência a partidos. É como se cada candidato fosse seu próprio partido. O projeto do distritão restringe a representação das minorias e acaba com a cota de 30% das candidaturas para mulheres. É um modelo elitista.

ÉPOCA – As regras mais claras do distritão não ajudariam a aproximar eleitores e eleitos?
Erundina –
O sistema atual é confuso e desconhecido? É. Como também são confusos tantos sistemas bons para nossa vida. Apesar de confuso, o quociente permite que a Câmara represente quase todos os segmentos da sociedade. No modelo do distritão, os votos insuficientes para eleger um candidato serão jogados fora.

ÉPOCA – Por que o sistema atual facilita a renovação da classe política?
Erundina –
No sistema proporcional atual, mesmo um partido pequeno consegue duas, três cadeiras na Câmara. A soma de votos dada ao partido é grande o bastante para ele merecer representação, embora nenhum de seus candidatos consiga uma votação extraordinária.

ÉPOCA – No sistema atual, o voto dado a Maria pode acabar elegendo João, não?
Erundina –
Isso não é um grande problema quando esses dois defendem as mesmas ideias. A grande distorção de hoje se deve às coligações. Com elas, o eleitor escolhe o candidato de um partido e seu voto acaba elegendo um nome de um partido coligado, sem identidade. Claro que eu defendo o fim das coligações. Essa parte da proposta de reforma, a gente apoia.

ÉPOCA – O sistema atual elegeu os desacreditados deputados de hoje. Como ele poderia aumentar a qualidade dos eleitos?
Erundina –
O sistema atual precisa ser revisto, com certeza. Tem de revisar muitas coisas, e outras já foram revisadas. Em 2014, era permitido o financiamento por empresas. Deu no que deu. Isso, o Supremo proibiu. Ainda bem. Tem de haver mudanças na democracia interna dos partidos, para acabar com o caciquismo. O distritão, ao contrário, reforça o caciquismo. Num momento de crise econômica, estão criando um fundo eleitoral público de R$ 3,6 bilhões. Esse dinheiro será gerenciado pelos dirigentes nacionais dos partidos. Imagine como isso vai se dar? Sem nenhum controle.

 



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