“Nicolasito” Maduro, filho do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, foi eleito como membro da polêmica assembleia que redigirá a nova Constituição do país, anunciou a autoridade eleitoral nesta terça-feira. O único filho do mandatário acompanhará a primeira-dama Cilia Flores, também eleita, neste órgão formado por 545 membros e que funcionará como um suprapoder.
Nicolás Ernesto Maduro Guerra, 27 anos, entrou na arena política com a sua candidatura à Constituinte. Concorreu na eleição setorial como representante da administração pública, na qual trabalhou desde que o seu pai chegou ao poder, em 2013, ocupando altos cargos criados pelo presidente.
O agora membro da assembleia era praticamente um desconhecido, embora há alguns anos tenha causado polêmica após a circulação de imagens suas recebendo uma “chuva de dólares” enquanto dançava em uma festa de casamento.
Em seu perfil no Twitter, afirma que é graduado em Economia, flautista do aclamado sistema de orquestras juvenis e “soldado de Chávez até além da vida”.
Violência e fraude
A votação da polêmica Assembleia Constituinte, no domingo, foi marcada pela violência, com um saldo de 15 mortos durante o fim de semana. O total de vítimas fatais da dura repressão do governo nos quatro meses de protestos pela saída de Maduro chega a 125, segundo o Ministério Público.
Maduro declarou que mais de oito milhões de venezuelanos (41,5% dos eleitores) compareceram às urnas, mas segundo a oposição, que não reconhece a Assembleia e acusa o processo de fraudulento, a abstenção chegou a 88%.
A Assembleia Constituinte vai liderar o país por tempo indefinido, e estaria – em tese – acima até mesmo do presidente. Será responsável por redigir uma nova Constituição, que a oposição acusa que será usada para instaurar uma ditadura comunista.
Líderes da oposição presos
Os dois presos mais emblemáticos da oposição venezuelana, Leopoldo López e Antonio Ledezma, que estavam em prisão domiciliar, foram detidos na madrugada desta terça-feira após seus apelos contra a Assembleia Constituinte.
Segundo o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), López e Ledezma foram levados de volta à prisão por supostos planos de fuga e suas declarações políticas. A oposição venezuelana e os advogados de defesa de López e Ledezma negaram de forma contundente que os dois líderes tivessem a intenção de fugir.
A prisão dos opositores provocou reações da comunidade internacional. O Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU declarou que está “profundamente preocupado” com as prisões e pediu a Caracas que liberte todos aqueles que exercem os seus direitos democráticos.
A porta-voz da Casa Branca Sarah Huckabee disse que “os Estados Unidos condenam as ações da ditadura de Maduro e consideram que o regime é o responsável” pela integridade dos dois políticos. Na América Latina, Brasil, Uruguai, Chile e Costa Rica expressaram sua rejeição à prisão dos dois líderes opositores.
A Espanha promoverá sanções junto à União Europeia contra as prisões, enquanto o secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou o governo a resolver as tensões. Já a União Europeia (UE) condenou as detenções, que considerou um “passo na direção equivocada”, nas palavras da porta-voz da diplomacia do bloco, Catherine Ray.
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