Poucas pessoas conhecem seu segredo de fabricação, guardado a sete chaves: obtido sem adição de aromas ou corantes, o novo chocolate rosa de Barry Callebaut surfa na onda das novas tendências.
Um dos especialistas em chocolate de Barry Callebaut, líder mundial no processamento do cacau, trabalhava em seu laboratório em Louveers (no Eure), “quando uma de suas experiências sofreu uma reviravolta inesperada”, relata Bas Smit, um dos diretores de marketing, durante uma entrevista à AFP, preservando cuidadosamente o mistério.
A descoberta deu início a 13 anos de pesquisas entre os ateliês do grupo na França e na Bélgica, a fim de compreender como explorar as propriedades do grão Ruby e, depois, configurar um processo de fabricação.
Chamado “Rubis”, em referência a uma variedade de cacau de mesmo nome, este novo chocolate deve se enquadrar em uma quarta categoria, ao lado do chocolate preto, ao leite e branco, espera o grupo de Zurique.
Apesar desse chocolate ter sido lançado com grande pompa em Xangai, Barry Callebaut é muito discreto quanto a seu processo de fabricação.
A empresa escolheu voluntariamente patentear apenas uma etapa do processo, em vez de sua totalidade, para que não caia nas mãos de seus concorrentes assim que a patente expirar.
“Quando você patenteia um processo inteiro, você está protegido apenas por um número limitado de anos”, explica Smit.
“Mas este processo é tão complexo que acreditamos que nossos concorrentes não serão capazes de descobri-lo”, afirma.
Este processo é mantido em um cofre com a lista completa das poucas pessoas que o conhecem completamente.
– ‘Mais próximo da amêndoa’ –
Barry Callebaut tem grandes ambições para este novo chocolate que ele espera ser utilizado de forma ampla na confeitaria.
“Nós sempre falamos de chocolate preto, ao leite, branco. Por isso, é bom poder falar sobre algo novo”, entusiasma-se Sylvie Douce, fundadora do Salão do Chocolate, que se disse “seduzida” depois de ter provado a novidade.
“É um chocolate muito natural, muito frutado”, descreve, considerando que “pode realmente corresponder à evolução do gosto”.
“O que agrada hoje é a naturalidade, chocolates com o mínimo de aditivos, ou de adjuvantes possíveis, com um sabor mais próximo da amêndoa”, explica.
Para testar o apetite do consumidor, pesquisas de mercado foram realizadas no Japão, onde os amantes do chocolate estão abertos a novos sabores, na China, onde o chocolate ainda é um produto novo, mas com grande potencial, no Reino Unido, onde os consumidores gostam muito da inovação, e nos Estados Unidos, o maior mercado de chocolate do mundo, mas onde o consumo está em declínio.
Na América do Norte, os volumes comprados diminuíram 0,4% entre 2012 e 2016, para 1,49 milhão de toneladas, embora tenham subido em 2017, de acordo com os dados da Euromonitor.
“À medida que o consumo se estagna na Europa Ocidental e na América do Norte, os fabricantes se apoiam cada vez mais em novas variedades para manter o interesse dos consumidores”, diz o analista Raphael Moreau, da Euromonitor, apontando que os consumidores agora preferem os chocolates “de ponta”.
“Este produto pode potencialmente criar um novo nicho”, acredita, sugerindo que sua cor o torna um produto ideal para, por exemplo, o Dia dos Namorados.
Mas ainda é muito cedo para avaliar o lugar que irá encontrar no mercado até que os fabricantes tenham-no adotado, ele matizou.
Barry Callebaut, que fornece chocolate a gigantes da indústria agroalimentar e aos grandes nomes da confeitaria, mas que não vende diretamente aos consumidores, já entrou em contato com várias marcas.
“Mas leva entre 6 e 18 meses antes de um produto chegar ao mercado”, lembra Bas Smit.
Os amantes do chocolate terão de ter paciência antes de sua primeira mordida.
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