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Para índios ‘heróis do clima’, um prêmio e uma aventura em NY

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Pela primeira vez na vida, Gilberta López embarcou em um avião, deixou a Guatemala e aterrissou em Nova York. Esta índia maia receberá no domingo (17), junto com índios da Amazônia e de outros 10 países, um prêmio da ONU, que os considera “heróis do clima”.

Dois dias antes de 129 líderes mundiais iniciarem em Nova York a maior reunião diplomática na sede das Nações Unidas, que inclui debates sobre as mudanças climáticas, estes líderes comunitários serão premiados por seus esforços concretos.

A tempestade tropical Ágatha destruiu em 2010 a aldeia de López, Chipatal, na província guatemalteca de Chimaltenango.

Desde então, esta índia de 47 anos do povoado kakchiquel trabalha com a AIRES, organização liderada por mulheres para lutar contra a erosão do solo, prevenir deslizamentos de terra e melhorar os cultivos e nutrição de sua aldeia.

“Quando Ágatha chegou não restaram árvores, a colina desabou, as casas desapareceram, famílias morreram. Foi-se metade da minha casinha de barro”, conta à AFP no terraço de um hotel de Manhattan, sem deixar de olhar impressionada os arranha-céus que a rodeiam.

“Mas agora, há cinco anos, estamos plantando árvores”, diz, sorrindo.

Na Guatemala, mais de 30% do solo está desmatado e, com o aumento das tempestades devido às mudanças climáticas, “as montanhas estão desabando, causando destruição, mortes e a perda do solo produtivo para a agricultura”, explica Cecilia Ramírez, também da AIRES.

A associação reflorestou cinco milhões de árvores em montanhas e colinas, e promoveu sistemas agroflorestais com mais de 3.000 agricultores e suas famílias em mais de 150 comunidades rurais indígenas que vivem na pobreza e na extrema pobreza.

Outros vencedores do Prêmio Equatorial do Programa da ONU para o Desenvolvimento Sustentável (PNUD) são os índios brasileiros da Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa), na fronteira com Peru, que trabalham para proteger os conhecimentos tradicionais e recuperar a biodiversidade de seus território de mais de 87.000 hectares.

“Temos projetos para replantar florestas, recuperar algumas espécies em fase de extinção, rios e peixes, tartarugas. Trabalhamos com 70 comunidades, e 25.000 pessoas se beneficiam”, explica Benki da Silva, um ashaninka de 44 anos.

Diferentemente do sentimento de López, Benki da Silva confessa que Nova York o angustia e o deixa com uma “pressão espiritual muito grande”.

“Vejo uma cidade que tem uma riqueza imensa em termos de bens, mas em termos de vida, muito pouco. Não há terra para plantar, tudo acabou, não há nada, está morto”, diz.

Duas toneladas de mel orgânico por ano: isso é o que produz a Associação Terra Indígena Xingu (ATIX), do Brasil, outra premiada que beneficia diretamente 1.000 pessoas, e foi a primeira organização comunitária do país a obter o selo orgânico.

O Prêmio Equatorial do PNUD elege a cada dois anos iniciativas que mostram ao mundo que soluções locais de baixo custo, inovadoras, podem ajudar na luta contra a mudança climática e alcançar metas de desenvolvimento sustentável.

Os demais vencedores provêm de Equador, Honduras, Quênia, Mali, Índia, Belize, Cazaquistão, Indonésia, Tailândia e Paquistão.

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